Iruya
é um singular Pueblo da Quebrada de Humauaca. Por ser um local de difícil
acesso, é uma comunidade que ainda preserva muito forte as características
sócio-cuturais dos povos indígenas locais.
Esse
Pueblo eu descobri conversando com um amigo argentino, dono de cabanas que
sempre ficamos hospedados quando viajamos para a Argentina. Esse local
(maravilhoso) eu até evito divulgar, pois quando se quer acabar com o sossego
de um lugar qualquer, é só divulgar.
Iruya,
no caso, seria uma situação dessas, mas como eu já tinha divulgado
anteriormente, não deu para recolher as palavras.
De
Tilcara são 116km, sendo 48km de uma sinuosa estrada de terra (rípio), passando
por serras (quebrada) escarpadas, pista estreita, onde, até, tem placas nas
curvas fechadas recomendando que se buzine antes de entrar nelas.
A linda e sinuosa estrada para Iruya
Paisagem
fantástica, onde só o passeio vale. No caminho passa-se pelo local mais alto da
estrada, 4.000m s.n.m onde é o divisor de águas e a divisa entre as províncias
de Salta e Jujuy.
Iruya está localizada a 2.780 m.s.n.m. O significado de Iruya, vem da língua quechua
ou aymara, e é derivada da palavra IRUYOC: “Iru” = palha e “yoc” = abundância.
Assim, Iruya = local de palha abundante.
Como dizem os locais contando a história de Iruya, “a cultura aborígene local (pré-incaica) se
entrecruza com a cultura hispânica, em uma convivência harmônica”...,
agora!!!!!
Agora, porque no passado não foi assim, uma vez que os povos
indígenas antigos (pertencentes a etnia Kolla) no processo de dominação hispânica (para variar), quase foram
dizimados em uma sangrenta e desigual batalha, onde os hispânicos com armas de
fogo potentes enfrentaram os indígenas locais com armas rudes e amplamente inferiores.
Foi uma matança generalizada.
Indo ao museu local é possível ver os registros desses
fatos.
Em Iruya ficamos em um simpático hostel da rede do
Hostelling International: Milmahuasi Hostel. Esse hostel possui quartos
confortáveis, uma cozinha de uso coletivo muito boa, é bastante limpo e possui uma
varanda, como um deck, onde se tem a visão do vale da cidade (quebrada), e uma
simpaticíssima parrillera, com mesas, cadeiras... etc.
Nesse local fizemos um delicioso cordeiro para festejar o aniversário do El Rey de la Ruta 40 João, com a estréia da cerveja artesanal Cokipa Jhones, feita pelos mestres cervejeiros Arthur e Taiana, componentes da Equipe Petrollera !!
Passeamos pela cidade, testemunhamos a primeira chuva da
estação (faziam mais de 6 meses que não chovia na região) e visualizamos a
impressionante cabeça-d’água que veio rio abaixo. É impressionante a força da
barrenta água que descia destruindo as margens do rio, provocando grandes
desabamentos das margens e levando tudo que tinha pela frente. Inclusive a
estrada!
Foi essa força da natureza que destruiu a estrada de acesso
a cidade, deixando-a isolada por mais 24h. Para sairmos de lá e continuarmos a
viagem, tivemos que esperar os trabalhos das máquinas para reabrir a estrada (mais-ou-menos)
e podermos sair de Iruya.
Experiência fascinante.
Bem, quem ainda não foi para Iruya, vá. Vale muito a pena.